domingo, 26 de setembro de 2010

Genro e sogra - e o namoradinho (Parte I)


(Doraci mais uma vez resolve dar um jantar. Depois do último incidente, Doraci queria que sua mãe, dona Esperança, e seu marido, David, se dessem bem. Mas dessa vez resolveu chamar mais gente. Juliano, amigo de David, não podia faltar. E tinha outros amigos do casal. Assim, talvez, dona Esperança fosse um pouco mais educada e mais tolerante.)

(A campainha tocou. David abriu. Era dona Esperança.)

ESPERANÇA: (com sua voz esganiçada) Oh! É você, David.

(Os dois se cumprimentam da maneira mais seca que existe. Dona Esperança se vira e dá espaço para um homem alto e loiro.)

DAVID: Nossa, dona Esperança! Arranjou um namorado?

ESPERANÇA: Esse não é meu namorado. Esse é o namoradinho da Doraci.

DAVID: Namoradinho da Doraci?! Mas a Doraci é casada comigo.

ESPERANÇA: Isso é detalhe. Largue de ser mal-educado, David, e cumprimente meu convidado. (Vira-se para o loiro.) Carlos Henrique, esse é o… David. Ele não é nada meu.


CARLOS HENRIQUE: Prazer em conhecê-lo. (Sua voz tremia as paredes.)

(Dona Esperança entrou e apresentou Carlos Henrique para todos os convidados. David foi procurar Juliano.)
DAVID: Velha desgraçada, essa dona Esperança.

JULIANO: Que que ela fez dessa vez, cara?

DAVID: Trouxe um namoradinho da Doraci. Meu Deus! Deve que a Doraci nem lembra quem é esse homem.

(O jantar foi servido. Todos estavam reunidos na sala. Estavam todos alegres e conversavam sobre situações engraçadas.)

DAVID: Eu lembro da vez que um travesti enganou o Juliano direitinho.

JULIANO: (rindo.) Nossa, David! Mas você é foda, mesmo, hein! Toda vez tem que contar essa história.

DAVID: Ai, ai! Eu ri demais.

JULIANO: Depois que passa é engraçado, mas eu passei um aperto.

(Não se sabe de onde isso começou, mas todos agora conversavam sobre doenças.)
CARLOS HENRIQUE: Já participei de várias conferências sobre AIDS. É um assunto muito sério. É um tema que deve ser tratado com todo o cuidado. Fui a vários países do mundo que tem ótimos programas de prevenção…

DAVID: (interrompe) Lembrei agora daquele caso que eu achei uma lagartixa dentro da máquina de lavar roupa.

JULIANO: (rindo) Nossa! É mesmo.

ESPERANÇA: Calem-se, vocês dois. Deixem o Carlos Henrique terminar.

(Todos prestavam atenção às histórias do Carlos na Ásia, na Europa e na África.)
ESPERANÇA: (alegre) Você é um homem muito vivido, né, Carlos! (vira-se para David) E você, não tem nenhuma história da fábrica para nos contar? Tenho certeza que existem muitas situações inusitadas com os peões, seus colegas.

(Silêncio. Silêncio constrangedor.)

DAVID: (respirando fundo) Sim, dona Esperança. Um dos peões da fábrica já perdeu a mão, coitado, numa das máquinas de lá.

ESPERANÇA: Nossa, coitado.

DAVID: Pois é! (ele olhava fixo nos olhos dela) Ele entrou com um processo com a fábrica, mas… não conseguiu indenização. Mas ele já está perdendo as esperanças. Nem sempre a Esperança é a última que morre.

(Momento de tensão)

Um comentário:

Clara disse...

kkkkkkkkkkkk
Gente, adorei! Que personagens mais engraçados!
E essa sogra casca grossa que ainda por cima se chama Esperança? ashuahsuahu Ri muito!