domingo, 29 de agosto de 2010

Dust in Wind


Quem não se apaixonou quando a voz da Paula Fernandes apareceu cantando Jeito de Mato na novela "Paraíso"? Agora, é a intérprete do tema de abertura de "Escrito nas estrelas".


Resolvi pesquisar outros repertórios da cantora e fiquei apaixonado por sua voz. Conversas em sala de aula me levaram a pesquisar a música Dust in the Wind. Por acaso, descobri que a Paula Fernandes tinha gravado essa música e eu resolvi ouvi-la.

Essa música já tá na minha cabeça há mais de um mês, eu acho. E não me canso de ouvir.

A letra e a tradução abaixo.

Dust in the Wind (Poeira no vento)


Dust in the wind (Poeira no vento)
All we are is dust in the wind (Tudo o que somos é poeira no vento)

I close my eyes (Eu fecho meu olhos)
only for a moment, (apenas por um momento)
and the moment's gone. (e o momento se foi.)
All my dreams, (Todos os meus sonhos,)
pass before my eyes, a curiousity. (passam diante dos meus olhos, curiosamente.)

Dust in the wind. (Poeira no vento.)
All we are is dust in the wind. (Tudo o que nós somos é poeira no vento.)


Same old song, (A mesma velha música)
just a drop of water in an endless sea. (apenas uma gota d'água num mar infinito.)
All we do (Tudo o que fazemos)
crumbles to the ground, (cai em pedaços,)
though we refuse to see. (embora nós nos recusemos a ver.)

Dust in the wind. (Poeira no vento.)
All we are is dust in the wind. (Tudo o que nós somos é poeira no vento.)

Now, don't hang on. (Agora, não desperdice.)
Nothing lasts forever (Nada dura para sempre)
but the earth and sky. (além da Terra e do Céu.)
It slips away (Ele foge)
and all your money (e todo o seu dinheiro)
won't another minute buy. (não comprará outro minuto.)

Dust in the wind (Poeira no vento)
All we are is dust in the wind. (Tudo o que nós somos é poeira no vento.)
Dust in the wind (Poeira no vento)
Everything is dust in the wind (Tudo é poeira no vento.)


É uma música linda. Na voz da Paula Fernandes é divina.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Conversas com um bebê


Eu sempre achei muito idiota conversar com os bebês.


Claro que deve haver psicólogos que incentivam isso da mesma maneira que senhorinhas incentivam a conversação com plantas.

Eu fico pensando como as crianças devem sentir-se incomodadas quando pessoas (geralmente as mesmas senhorinhas das plantas) se aproximam e põem-se a conversar.

— Que gracinha! Como ‘cê chama?

Essa que é a parte tosca. Se ainda ficasse no:

— Que gracinha! Que coisinha mais cuti-cuti!

Mas não! As pessoas tem que fazer perguntas para os bebês. É óbvio que elas não esperam respostas das crianças. Tanto que elas só fazem as perguntas quando tem uma pessoa acompanhando o bebê (Claro! Um bebê não anda sozinho.)

— Como ‘cê chama? — a senhorinha pergunta com aquela cara de conversar com bebê e com aquela voz de dor de barriga.

— Larissa — a mãe responde.

— Quantos aninhos você tem?

— Ela ‘tá com 6 meses.

Ai, meu Deus! Eu já passei por essas situações quando eu andava com meu irmãozinho que agora tem oito anos e sabe responder. As pessoas perguntavam pra ele:

— Qual é seu nome?

Eu ficava calado esperando meu irmão responder. Mas ele só tinha um ano e não responderia. Se a pessoa ME perguntasse eu responderia:

— Augusto.

Quando o meu irmão não respondia, pois nem sabia falar, a pessoa me olhava e eu ficava com uma cara de paisagem. A pessoa ficava sem-graça e saía de perto.

Se conselho fosse bom, não era de graça, mas eu vou dar um (ui!): Não converse com bebês para que as pessoas não pensem que você é idiota.

— Nossa! Mas como você ‘tá grande! E essa roupinha bonita: quem foi que te deu?

Ainda bem que nós não temos memória de quando éramos bebês.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Como estudar

ou: Como não estudar.

Eu estava conversando com uma amiga sobre como cada um estuda. Ela me disse que gosta de estudar com outra pessoa.

— Eu gosto de estudar com uma amiga — ela dizia, — porque se eu tiver dúvida, ela me ajuda. E vice-versa.

— Eu não consigo estudar acompanhado — eu repliquei.

E comecei a lhe contar como eu e meus outros amigos nos reuníamos pra estudar.

— Ow — eu gritava, — hoje a gente vai estudar na casa do fulano.

E todo mundo vibrava de euforia.

— Quem leva o refrigerante?

Pois é. A gente combinava de estudar biologia, física e matemática e combinava quem levaria o refrigerante, quem levaria o DVD e quem levaria o pão pro cachorro-quente.

— E os livros, Lucas?

— Nossa! Esqueci em casa.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pânico na lotérica

Nós sempre dependemos de bancos ou de lotéricas para resolver nossos problemas. Eu não consigo passar muito tempo sem visitar uma lotérica. Foi assim nessa semana.

Precisava pagar um boleto bancário e fui animado para a lotérica que fica em frente à Praça da Igreja. A animação diminuiu quando, do lado de fora, eu vi a quantidade de pessoas na fila.

Essa é a lotérica mais segura da cidade, como dizem por aí. Já foi assaltada duas vezes, mas isso é de praxe em qualquer lugar do mundo. Tinha detector de metais e tudo.

Passei pela porta giratória que tem detector de metais e entrei na fila. Contei: eram oito pessoas na minha frente. Não era nada animador. Percebi que o ar lá dentro estava abafado. Lembrei que a última vez que estive ali tinha ar condicionado.

Tinha muito tempo para observar tudo por ali. Uma placa indicava o valor da Mega-Sena acumulada, olhava para a data do pagamento do Bolsa Família, o resultado da Telesena pregado numa parede.

Também observava as pessoas: tem uma mulher da Caixa Econômica que trabalha ali fazendo empréstimos; tinha um homem que julguei ser trabalhador rural que marcava números num desses jogos; senhorinhas que tinham privilégio na fila do lado direito.

Uma observação: senti falta do guarda que sempre ficava ali expondo sua arma e seu cassetete. Eu prestei atenção nesse fato um pouco mais tarde.

A fila continuava. Entraram dois garotos: um adolescente branco de cabelos pretos penteados, ou despenteados, como muitos outros adolescentes usam atualmente; o outro era um garoto loiro que eu tinha conhecido uns anos atrás, mas não me lembrava o nome dele. Só sei que eu não gostava dele na época.

O garoto loiro comentou com o outro:

— Essa porta não apita nada! Entrei com o celular e nem deu sinal.

— Pois é!

— Então! Isso não serve pra nada.

Meu pensamento estava a mil. Não conseguia me concentrar direito por causa do assunto dos dois amigos atrás de mim.

— Comprei uma moto agora.

“Duvido”, eu pensava.

— Sério? — o loiro perguntou.

— Tô te falando. Pode ir lá em casa pra ver. Tá com meu irmão!

— Que irmão?

— O Eduardo.

Ai, meu Deus. Tava me concentrando para não me concentrar no assunto atrás de mim.

Quando pude pensar sozinho dentro da minha cabeça, liguei os fatos: “Percebi que o ar lá dentro estava abafado”, eu tinha pensado. “Isso não serve pra nada”, o garoto tinha dito sobre o detector de metais. Lembrei de outro pensamento meu: “senti falta do guarda que sempre ficava ali expondo sua arma e seu cassetete”.

Meu Deus! Comecei a imaginar coisas: um criminoso tinha arranjado um jeito de tirar o guarda dali. Bastava uma ligação ou um chamado.

— Ei — o criminoso teria chamado —, meu filho tá passando mal ali na rua. Tem como me ajudar.

“E agora, meu Deus”.

Depois, esse criminoso, ou a dupla, teria desligado a energia elétrica do lugar; isso explicava o ar condicionado e o detector de metais estarem desligados.

Outro pensamento me veio à cabeça: “Já foi assaltada duas vezes”.

Eu só estava concentrado na fila, agora. Queria que aquilo acabasse. Eu tremia de excitação quando eu era o próximo a ser atendido. Paguei o negócio o mais rápido que pude e saí da lotérica.

Eu já estava ficando louco ali dentro. Não sei se eu agüentaria se um assaltante tivesse entrado na lotérica com uma arma na mão. Teria desmaiado.

Não se preocupem. Já estou a salvo aqui em casa, imaginando: onde nós, cidadãos atuais, vamos parar com esse medo?

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Aniversário do Atrás do Horizonte

Era uma terça-feira à tarde quando o “Atrás do Horizonte” nasceu. A época em que a gripe suína tava na moda e faltavam dez dias para uma excursão na escola. Não foi um dia especial na minha vida. Uma terça-feira como outra qualquer. A Internet tava melhor, mas… não tem muita relação.

Eu nem sei quantos nomes eu pensei para o meu blog — porque eu sabia que devia ser algo significativo —, mas o Horizonte me atraía. Achava que seria uma boa pedida.

Eu não sabia fazer nada nesse site que atualmente eu acho tão simples. E não sabia começar. Resolvi começar pelo começo (O começo!, 18/08/2009). Foi aí que eu comecei a me animar. “Nossa, meu primeiro post!”

E aí, como eu disse no primeiro post, tudo veio naturalmente. Falei sobre a gripe suína, sobre os vizinhos, sobre “A Fazenda” e falei muito sobre televisão.

Segredos de Beto

Foi quando eu tive a ideia da série “Segredos de Beto – O cotidiano atrás de um balcão”. Não foi a série mais comentada — 2 comentários —, mas é uma coisa que eu sinto prazer em escrever.


David e Doraci

Numa ida à fazenda, eu tive a ideia de “David e Doraci – Histórias de uma vida conjugal”. Acreditem! Ela perde para “Segredos de Beto” no quesito comentários: zero. Mas tudo bem! Eu adoro esse casal.

Cinema



“Cinema” também foi um dos assuntos mais comentados aqui. O primeiro post foi em 10 de setembro (Lua Nova, 10/09/2009). Foram 21 posts sobre cinema sendo que 6 foram sobre a “Saga Crepúsculo”. Foram 11 comentários.

Vida


Em “Coisas da Vida” e “Que situação” eu escrevi sobre situações que acontecem com todos nós ou sobre reflexões sobre a vida. Foram 39 texto e 7 comentários.

Literatura

Agora sobre “Literatura”. Depois de dezembro do ano passado eu diminuí muito sobre esse assunto por causa do meu outro blog (Café e Pipoca, 13/12/2009). Mas foram 24 postagens e 10 comentários.

Meu eu


Em outubro, eu resolvi falar sobre minha vida em “Meu eu”. O primeiro post foi em no dia 28 (Cachorro que ladra não morde, 28/10/2009) que falava sobre o cachorro da minha vizinha. Isso rendeu até uma continuação nesse ano (Frio, cachorro e medo, 14/05/2010). Foram 10 comentários.

Blorkutando

No dia 05 de novembro, eu publiquei meu primeiro post para o Blorkutando (Brincadeira de Halloween, 05/11/2009), mas o meu primeiro pódio foi com o texto Uma década singular do dia 29 de dezembro.

Foram 6 pódios no Blorkutando:


2º lugar da 66ª semana do Blorkutando: Ano Novo só Não, Década também 
3º lugar da 73ª semana do Blorkutando: Eu Interior 
2º lugar da 76ª semana do Blorkutando: Linha Tênue 
3º lugar da 86ª semana do Blorkutando: Cinco Palavras 
3º lugar da 89ª semana do Blorkutando: Extra! Extra! 
1º lugar da 91ª semana do Blorkutando: De que lado você não está? 

Para o Blorkutando eu escrevi 11 textos rendendo 20 comentários para o blog.

2010

Em 2010, entraram para o Atrás do Horizonte o “Micro-Contos”, “City”, “Elas por Ele”, “Histórias que o povo conta”, “#TopTop” e “Vidas em Copa”. Juntos renderam 27 texto e 16 comentários.
Atrás do Horizonte em números

Durante esse 365 dias, foram publicados 146 posts, 59 comentários, 32 seguidores, 3 modelos (ou design, mas eu não sei colocar no plural) e 6 pódios no Blorkutando.

Hoje, comemora-se o primeiro aniversários do “Atrás do Horizonte”. Que seja o 1º de muitos outros.

Muito Obrigado

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Pequenas observações


"Você está sentado numa cadeira. Você está sentado nesta cadeira já faz bastante tempo. Você fica sentado nesta cadeira durante muito tempo, diariamente. Você não conseguiria ficar parado em pé por tanto tempo; logo você ficaria cansado, com dor nas pernas. Também não conseguiria permanecer tanto tempo assim deitado na cama, de cara para o teto; essa posição se tornaria cada vez mais incômoda com o passar do tempo, até fazê-lo virar-se para um lado - por exemplo, para o lado esquerdo; mas depois de alguns minutos de bem-estar, seu corpo seria dominado pouco a pouco por uma sensação de desconforto que gradualmente se transformaria numa idéia, de início vaga, depois mais nítida, mais e mais, até cristalizar-se nas palavras: "Esta posição é a menos confortável que há", e essas palavras em pouco tempo levariam a estas: "A posição mais confortável de todas seria ficar virado para a direita". A idéia aos poucos se tornaria mais forte, até sobrepujar a inércia natural do corpo, e nesse momento você se viraria para o lado direito. Imediatamente uma sensação deliciosa de prazer lhe invadiria o corpo, como se cada célula sua fosse uma boca a proclamar: "Esta é verdadeiramente a mais confortável de todas as posições". A nova sensação, porém, não perduraria por muito tempo; logo você seria obrigado a trocar de posição mais uma vez, e todo o ciclo recomeçaria. " Paulo Henriques Britto, "Paraísos articiais".

"Essa lealdade das coisas sem vida me enternece profundamente, dá quase vontade de chorar. A gente sempre pode confiar num escorredor ou num fogão de quatro bocas ou num pano de prato, eles são absolutamente incapazes de sacanear a gente. É mesmo um negócio comovente. O amor deve ser mais ou menos isso". Paulo Henriques Britto, "O Criminoso".

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Reencontro


Tínhamos nos amado.


É estranho como o destino muda nossos caminhos e, quando menos esperamos, estamos separados por um grande abismo. Foi isso que aconteceu. Éramos namorados, amantes... Depois, tornamo-nos apenas... conhecidos.

Só nos víamos de longe, separados por uma rua. Às vezes, arriscávamos um cumprimento mais amigável. Sim. Amigável. Éramos amigos.

E foi o mesmo destino que tinha nos separado nos uniu num lugar tão incomum de se encontrar o grande amor. Um lugar onde encontramos pessoas desconhecidas, carrancudas e caretas.

Ouvi meu nome. Tão simples, mas tão belo na voz amada. Amigavelmente nos cumprimentamos e conversamos. Mais do que nunca tínhamos assuntos em comum (eu nem sabia que eu tinha tantos assuntos).

Saímos daquele lugar abafado e fomos andando pela rua. Lembrei-me de uma vez que fizemos isso há cinco anos. Nossa! Muito tempo!

Já era final da tarde quando chegamos numa praça; nós ainda conversávamos felizes da vida. De onde estávamos dava pra ver o pôr-do-sol ao longe. O céu com o tom alaranjado, o vento frio, o clima estranho que só sentimos no final das tardes: aquele ar sonolento, mas gostoso.

Quando vi, estávamos pertos um do outro. Um abraço. Cada um se aquecendo nos braços do outro. Um sorriso. É estranho quando esses momentos acontecem; como se estivéssemos ligados por fios de eletricidade, como se pudéssemos nos comunicar. Parceiros, cúmplices...

O beijo, enfim.

Senti que ondas elétricas saiam de cada corpo e ia para o outro. Meus olhos ardiam de uma maneira agradável, meus lábios colados àqueles, nossos corpos unidos por um abraço ardente.

Naquele momento, matávamos os desejos resguardados durante tanto tempo.

O hálito, a textura, a temperatura, a eletricidade...

Ainda nos amávamos.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Tombo

Depois de muitos dias sem postar, voltou para lhes contar uma história verídica, como todos os Micro Contos são.

Foi a história do meu tombo. Quem convive comigo sabe das milhares de vezes que eu contei essa história. Foram 254789 vezes.

Todos os dias, eu sou (quase) o último a sair da escola quando toca o sinal do fim da aula. Nesse dia não foi diferente. Eu saí na maior calma.

Outra questão que é preciso saber é que eu volto pra casa de ônibus escolar. O motorista estaciona o ônibus na frente da escola.

Quando eu apontei na saída da escola, o motorista já tinha acionado a alavanca pra fechar a porta. Eu nem disse "tchau" pra quem tava comigo e saí disparado. Eu tentei ser bonito (coitado!) e fui subir as escadas do ônibus correndo.

Escorreguei no segundo degrau e bati os joelhos na escadas. Você não leu errado: os DOIS joelhos ao mesmo tempo.

Eu não sou muito enturmado com os alunos do ônibus (odeio!) e fingi que não tinha doído, mas o sangue escorria da canela.

Cheguei em casa e fui pra casa de uma amiga (Twitter: @nathy_hirth). A gente foi assistir a um DVD. Mas eu não aguentei. Eu gemia de tanta dor. Precisei de massagem, pomada e depois muita paciência até a dor passar.

Agora eu tenho duas cicatrizes nos joelhos e uma história pro resto da vida.