quinta-feira, 25 de agosto de 2011

De volta pro futuro


"Liguei para Lillian com a sede de um homem que precisa de água depois de um trago de mescal.


Valeu a pena.

— Tres? — disse ela, e arrancou fora os dez últimos anos da minha vida como se fossem lenços descartáveis.

— É. Estou na minha casa nova. Mais ou menos.

Ela hesitou.

— Você não me parece muito feliz.

— Não é nada. Conto depois.

— Não posso esperar.

Ficamos em silêncio por um minuto — aquele tipo de silêncio no qual nos inclinamos sobre o fone, tentando nos espremer para dentro com força.

— Eu te amo — disse Lillian. — É muito cedo para dizer isso?

Engoli a bola que estava entalada na minha garganta.

— Às 9 está bom? Preciso resgatar o Fusca na garagem da minha mãe.

Ela riu.

— A Coisa Laranja ainda funciona?

— É bom que funcione. Tenho um encontro quente hoje à noite.

— Pode ter certeza.

Desligamos.

(...)

Senti como se fosse 1985 outra vez. Ainda tinha 19 anos, meu pai estava vivo e eu ainda amava a garota com quem planejava casar desde o oitavo ano. Seguíamos pela estrada I-35 a 110 por hora em um Fusca velho que não passava de 100, bebendo tequila de primeira com refrigerante vermelho Big Red. Champanhe de adolescente.

Mudei de roupa mais uma vez e pedi um táxi. Tentei me lembrar do gosto de Tequila Vermelha. Não sei se conseguiria voltar a beber algo parecido e sorrir, mas estava pronto para tentar."

Trecho do livro "Tequila Vermelha", de Rick Riordan, com os personagens Tres Navarre e Lillian Cambridge.

Um comentário:

Clara disse...

Muito bacana! Vi no skoob que você estava lendo esse livro, e o título bem que me chamou a atenção. Parece ser uma bela história.