"Liguei para Lillian com a sede de um homem que precisa de água depois de um trago de mescal.
Valeu a pena.
— Tres? — disse ela, e arrancou fora os dez últimos anos da minha vida como se fossem lenços descartáveis.
— É. Estou na minha casa nova. Mais ou menos.
Ela hesitou.
— Você não me parece muito feliz.
— Não é nada. Conto depois.
— Não posso esperar.
Ficamos em silêncio por um minuto — aquele tipo de silêncio no qual nos inclinamos sobre o fone, tentando nos espremer para dentro com força.
— Eu te amo — disse Lillian. — É muito cedo para dizer isso?
Engoli a bola que estava entalada na minha garganta.
— Às 9 está bom? Preciso resgatar o Fusca na garagem da minha mãe.
Ela riu.
— A Coisa Laranja ainda funciona?
— É bom que funcione. Tenho um encontro quente hoje à noite.
— Pode ter certeza.
Desligamos.
(...)
Senti como se fosse 1985 outra vez. Ainda tinha 19 anos, meu pai estava vivo e eu ainda amava a garota com quem planejava casar desde o oitavo ano. Seguíamos pela estrada I-35 a 110 por hora em um Fusca velho que não passava de 100, bebendo tequila de primeira com refrigerante vermelho Big Red. Champanhe de adolescente.
Mudei de roupa mais uma vez e pedi um táxi. Tentei me lembrar do gosto de Tequila Vermelha. Não sei se conseguiria voltar a beber algo parecido e sorrir, mas estava pronto para tentar."
Trecho do livro "Tequila Vermelha", de Rick Riordan, com os personagens Tres Navarre e Lillian Cambridge.
Um comentário:
Muito bacana! Vi no skoob que você estava lendo esse livro, e o título bem que me chamou a atenção. Parece ser uma bela história.
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