“Você
me achava meio esquisito e eu te achava tão chata.”
Quantas vezes já não nos sentamos apenas para relembrarmos toda a
nossa história juntos? Quantas vezes! E quantas vezes já não a repetimos pra
todos os nossos amigos? Eu acho que já sabemos de cor e salteado, de trás e pra
frente tudo o que passamos juntos. Somos pessoas completamente diferentes de
anos atrás, ficamos juntos durante toda essa transformação — cortes de cabelos,
namoros, brigas, casas novas, novos amigos, novas experiências — e todos a
nossa volta concordam em um ponto: a gente não consegue mais viver separado.
Mas não é pra falar sobre a história da minha vida que eu estou
escrevendo esse texto: eu escrevo pra protagonista dos melhores momentos dela;
uma personagem tão real e tão intensa que poderia ter saído de um romance de
amor ou de uma novela das seis.
Primeiro, é impossível passar despercebido diante de uma beleza tão despretensiosa:
os olhos verdes de girassol, os cabelos loiros e enrolados, o sorriso jovial e
as pernas... Com todo respeito, que pernas!
Mas, mais importante do que qualquer “casca”, você tem conteúdo. Como
é que você consegue irradiar essa energia positiva que contagia até os que não
te conhecem? O que mais me deixa espantado é a sua alegria infinita: dormir
três horas numa noite e acordar cantando, conseguir sorrir para quem te fez algum
mal e me fazer rir nos maiores perrengues já imaginados.
Você tem uma luz: é uma luz amarela que eu enxergo ao seu redor que
ilumina qualquer quarto escuro, qualquer aula de química, qualquer boate
sem-graça e qualquer ônibus lotado. Se eu tivesse uma melhor visão, eu
conseguiria enxergar o brilho nos olhos das pessoas que te veem passando; é
como se toda a nossa preocupação se esvaísse e, do seu lado, a gente se
sentisse no céu, protegido.
E como você também é perigosa! É difícil desviar o olhar quando eu
olho nos seus olhos e você consegue o que quer com sua hipnose de alto nível. E
eu faço de bom gosto!
A menina do cravo e canela nunca poderia ser descrita em uma palavra,
mas, se algum ser super-humano conseguisse, talvez essa palavra fosse bondade. Como alguém é capaz de ajudar
qualquer um sem distinção? Como uma pessoa é capaz de se sacrificar por alguém
como eu — um simples mortal — para fazer um favor? Como alguém consegue acalmar
os ânimos exaltados só com um sorriso?
A alegria, a bondade, a espontaneidade... escrevendo esse texto, tenho
a impressão de estar descrevendo uma deusa que flutua por aí e que algum dia me
fez uma visita, mas eu tenho o maior prazer em dizer que ela não está na minha
vida só por visita.
Às vezes, eu sou péssimo pra demonstrar alguma forma de carinho; ou
pior: às vezes, minhas demonstrações de amor vem com palavras rudes e
agressivas, mas não me leve a mal: eu tenho o péssimo hábito de maltratar quem
eu amo (e eu acho que você nem se importa com isso, mas é preciso frisar esse
ponto). E os acidentes de percurso — um chute no rosto, uma tentativa de
enforcamento ou um pirulito entalado na garganta — foi de total
responsabilidade do destino, de forças mais poderosas que eu.
O que eu quero dizer com tudo isso que eu escrevi? Quero mostrar que
você ocupa um espaço imenso e insubstituível dentro de mim. A vida já tentou
nos separar, mas se a vida lhe dá as costas, a gente tem que chutar a bunda
dela. Então, vida, desculpa, mas eu e essa feiosa vamos continuar juntos
durante muito tempo ainda!
E tomara que eu tenha algum emprego decente para quando eu precisar
comprar uma geladeira de presente de casamento.
Pra mim, que sou um homem qualquer, só me resta uma coisa: te amar
incondicionalmente.
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