sábado, 4 de fevereiro de 2012

Gabriela


“Você me achava meio esquisito e eu te achava tão chata.”

Quantas vezes já não nos sentamos apenas para relembrarmos toda a nossa história juntos? Quantas vezes! E quantas vezes já não a repetimos pra todos os nossos amigos? Eu acho que já sabemos de cor e salteado, de trás e pra frente tudo o que passamos juntos. Somos pessoas completamente diferentes de anos atrás, ficamos juntos durante toda essa transformação — cortes de cabelos, namoros, brigas, casas novas, novos amigos, novas experiências — e todos a nossa volta concordam em um ponto: a gente não consegue mais viver separado.

Mas não é pra falar sobre a história da minha vida que eu estou escrevendo esse texto: eu escrevo pra protagonista dos melhores momentos dela; uma personagem tão real e tão intensa que poderia ter saído de um romance de amor ou de uma novela das seis.

Primeiro, é impossível passar despercebido diante de uma beleza tão despretensiosa: os olhos verdes de girassol, os cabelos loiros e enrolados, o sorriso jovial e as pernas... Com todo respeito, que pernas!

Mas, mais importante do que qualquer “casca”, você tem conteúdo. Como é que você consegue irradiar essa energia positiva que contagia até os que não te conhecem? O que mais me deixa espantado é a sua alegria infinita: dormir três horas numa noite e acordar cantando, conseguir sorrir para quem te fez algum mal e me fazer rir nos maiores perrengues já imaginados.

Você tem uma luz: é uma luz amarela que eu enxergo ao seu redor que ilumina qualquer quarto escuro, qualquer aula de química, qualquer boate sem-graça e qualquer ônibus lotado. Se eu tivesse uma melhor visão, eu conseguiria enxergar o brilho nos olhos das pessoas que te veem passando; é como se toda a nossa preocupação se esvaísse e, do seu lado, a gente se sentisse no céu, protegido.

E como você também é perigosa! É difícil desviar o olhar quando eu olho nos seus olhos e você consegue o que quer com sua hipnose de alto nível. E eu faço de bom gosto!

A menina do cravo e canela nunca poderia ser descrita em uma palavra, mas, se algum ser super-humano conseguisse, talvez essa palavra fosse bondade. Como alguém é capaz de ajudar qualquer um sem distinção? Como uma pessoa é capaz de se sacrificar por alguém como eu — um simples mortal — para fazer um favor? Como alguém consegue acalmar os ânimos exaltados só com um sorriso?

A alegria, a bondade, a espontaneidade... escrevendo esse texto, tenho a impressão de estar descrevendo uma deusa que flutua por aí e que algum dia me fez uma visita, mas eu tenho o maior prazer em dizer que ela não está na minha vida só por visita. 




Às vezes, eu sou péssimo pra demonstrar alguma forma de carinho; ou pior: às vezes, minhas demonstrações de amor vem com palavras rudes e agressivas, mas não me leve a mal: eu tenho o péssimo hábito de maltratar quem eu amo (e eu acho que você nem se importa com isso, mas é preciso frisar esse ponto). E os acidentes de percurso — um chute no rosto, uma tentativa de enforcamento ou um pirulito entalado na garganta — foi de total responsabilidade do destino, de forças mais poderosas que eu.

O que eu quero dizer com tudo isso que eu escrevi? Quero mostrar que você ocupa um espaço imenso e insubstituível dentro de mim. A vida já tentou nos separar, mas se a vida lhe dá as costas, a gente tem que chutar a bunda dela. Então, vida, desculpa, mas eu e essa feiosa vamos continuar juntos durante muito tempo ainda!

E tomara que eu tenha algum emprego decente para quando eu precisar comprar uma geladeira de presente de casamento.

Pra mim, que sou um homem qualquer, só me resta uma coisa: te amar incondicionalmente. 

Nenhum comentário: