sábado, 8 de dezembro de 2012

Tempo irreal


"Tem gente enganando a gente
Veja nossa vida como está"
Renato Russo

O mundo mudou; os avanços tecnológicos correm além do que nossas pernas podem acompanhar e a quantidade de novidades que vemos em um ano é maior do que as que duas gerações de uma família viam há duzentos anos.

Transportamo-nos para um mundo paralelo, irreal; estamos imersos em terras virtuais desconhecidas durante a maior parte dos nossos dias. E vivemos nesse mundo contraditório, onde as distâncias físicas estão cada vez menores e cada vez maiores. Mantemos contato com pessoas do outro lado do planeta através da rede computadores, ao mesmo tempo em que não conhecemos nosso vizinho de porta, não sabemos o nome do moço da padaria; não sabemos nem mesmo a preocupação das pessoas com as quais moramos na mesma casa. E depois nos perguntamos a causa das depressões, das tristezas, da carência...

Nessa última semana, na faculdade, discutíamos sobre a velocidade das inovações tecnológicas e como, depois de pouquíssimos anos, tornamo-nos completamente dependentes delas. Não conseguimos passar um final de semana sem energia elétrica: sim, conseguimos sobreviver sem televisão e computador durante dois dias, mas não gostamos do banho frio e não conseguimos viver sem as inúmeras funções de uma geladeira. Essa última, tomo-a como o centro da casa.

Nosso professor nos perguntou o que fazíamos antes do Facebook. Orkut, nós respondemos de imediato, rindo. E antes do Orkut?, ele perguntou. E minha mente começou a divagar. Uau, vivo em redes sociais há seis anos e... nem me lembro de quem eu era antes delas. Com um pouco de esforço eu me lembrei:

Eu via mais televisão na sala sentado ao lado dos meus pais e dos meus irmãos, brincava mais, andava mais e lia mais. Eu lia mais, escrevia mais, sonhava mais. Não vivia mergulhado nesse território virtual durante horas como acontece hoje em dia. Eu pensava mais sobre meu futuro e, mesmo sendo uma criança, eu pensava mais sobre meus sentimentos, sobre o mundo, sobre as pessoas... Eu lia mais. E eu sempre estou me perguntando: por que eu não tenho mais tempo para ler? E eu lia mais. Conversava mais. Talvez eu fosse mais feliz.

Talvez eu fosse uma pessoa mais real... Talvez meus sentimentos fossem mais reais, menos virtuais...

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