segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Eu não entendo: funkeiros no ônibus


“E a maconha tá tendo
Balinha tá tendo
É droga pra caralho
Que os moleque tá vendendo.”
Tá tendo, MC Rodolfinho

Desde que me mudei para Uberlândia, eu adquiri um hábito que se encaixa perfeitamente no meu estilo de vida. Sempre que eu vou para alguma boate no centro da cidade, eu prefiro virar a noite na rua pra não precisar desembolsar dinheiro para o táxi: espero até às 5:30 da manhã, hora em que os ônibus começam a rodar, e pago R$1,56 (preço para estudantes) para voltar pra casa (diferente dos R$19 que eu pagaria para ir de táxi).

Foi o que eu fiz na manhã de ontem. Eram 6 horas da manhã quando eu subi num dos três ônibus que eu preciso pegar para chegar em casa. Sentado no fundão, ouvi um rapaz selecionando a música que ele deixaria reproduzindo no player do seu celular. Por algum motivo infernal, ele escolheu a música acima.

Por quê, mundo? Por que a pessoa não pode aproveitar a viagem de ônibus em silêncio? E por que esse indivíduo faz com que todos no ônibus sejam submetidos a essa tortura? O problema não é nem pelo gênero (inclusive, eu estava voltando de uma festa de funk), mas a falta de desconfiômetro, de senso, de noção desse sujeito que pensa que vive num mundo só dele.

Nessa hora eu já estava com minha bateria quase completamente descarregada: meus olhos se fechavam sem que eu percebesse. Nesse delírio, eu imaginei o seguinte diálogo:

— Moço, não tem como você abaixar o volume, não? Só um pouquinho. É que eu tô com dor de cabeça.

— Vá lá pra frente, maluco! Não vou abaixar porra nenhuma.

— Então, faz outro favor pra mim: bate essa sua cabeça oca no vidro e pula lá de fora com o ônibus em movimento.

No meu delírio, ele me obedecia; mas, na vida real, eu tenho certeza que ele teria me apagado ali mesmo.

Depois disso tudo, eu pensei em escrever um texto aqui no blog e comecei a me lembrar de algumas coisas que eu tinha visto na internet. Não vou expor minha opinião em palavras, mas vou mostrar o caminho das pedras para que vocês me acompanhem. Essa segunda parte é um pouco diferente do que os textos do Não entendo sempre pretenderam.

O primeiro vídeo é bem pequeno: é do professor Gil Brother. Ele é um personagem que eu já conheço há algum tempo e, no mês passado, acabei encontrando esse vídeo do seu canal Away. Dá o play ali embaixo pra gente ver junto.


Não estou aqui para falar de sua frase “Umas música que tem que ficar dentro de balada GLS”, mas sim do modo como ele pretende tratar os funkeiros (Outra opinião aqui). Confesso que ri muito no trecho entre 02:23 e 02:42. Acho o Gil Brother engraçadíssimo, mas... Bem, eu disse que eu não ia dizer o que eu pretendo mostrar. Vamos continuar!

Tenho a mania de ler os comentários nos vídeos do YouTube. E acabei encontrando essa preciosidade. Existem comentários bem piores, mas a importância desse é pela quantidade de pessoas que “deram joinha” nesse aí embaixo.



Que menino gente boa! E o que dizer do vídeo do Gil Brother agora? Nossa, mas o vídeo é uma coisa tão inocente, tão engraçado. Stand up! 

Mas acabamos de ver um comentário com 52 "curti" que..? Tempo para pensar!

Bem... E que tal a gente dar uma passadinha lá no R7 pra conferir umas notícias? Notícia contemporânea ao comentário do "pirikiteiro".


Quero me atentar a um pequeno trecho da notícia (Link da notícia): “Após o sepultamento, a mãe do estudante, Josefa Batista da Silva, falou sobre o filho, morto a tiros na quarta-feira (24). — Um garoto alegre, brincalhão, não fazia mal a ninguém. Foram fazer uma covardia dessa com meu filho.” Não sabemos se essa fala é real, mas é perfeitamente possível de ser. E o efeito dela é importantíssimo para o que eu quero dizer. Mesmo sem dizer!

Não quero falar sobre a importância dos variados gêneros no cenário cultural brasileiro (funk, sertanejo, rock, samba e tantos outros que sofrem preconceito por parte de quem não conhece), mas penso que as pessoas entram em contradição quando condenam alguma coisa, mas quando eles é que são as vítimas, ele me vem com a frase feita: “Tem que respeitar o gosto de cada um”.

Estou cansado de ouvir gente dizendo que quem ouve reggae usa droga, que rockeiro é violento, que sambista é vagabundo, que funkeiro é ignorante. Até quando?

Só sei que nada sei.

E, para terminar, o funkeiro do início da história, aquele que estava sentado do meu lado, dormiu (ênfase no dormiu) ouvindo sua música no celular. Dormiu tanto que não viu o ponto em que tinha que descer. Começou a esmurrar o amigo dele:

— Seu vacilão! Maluco! Vai tomar no cu! A porra do negócio ficou lá atrás. Seu vacilão. Vacilão.

Sinceramente, eu não sabia que as pessoas falavam “vacilão”.

Funkeiro no ônibus: eu também não entendo.

Nenhum comentário: