terça-feira, 25 de agosto de 2009

Minha professora

Oi, meu nome é Beto e eu vou falar sobre o meu dia-a-dia atrás de um balcão.

Hoje, eu tenho 23 anos, mas também já tive 15 e já fui atrás do meu primeiro emprego. Mas não era o que eu esperava.

Meu pai me dizia que devemos começar de baixo para depois darmos mais valor à vitória. Fui procurar trabalho com isso na cabeça. Entretanto, eu não sabia que devia começar de tão baixo.

O único lugar que me aceitou foi uma lanchonete desconhecida, num bairro escuro da cidade. Foi aí que a minha vida atrás de um balcão começou.

Havia pouco movimento durante a semana e, nos finais de semana, aparecia uma ou duas pessoas a mais. Super badalado!

Pouca coisa tinha para se fazer e eu só tinha um colega de trabalho que não gostava muito de conversar. Umas duas pessoas conversando mais a frente, um outro tomando cerveja num canto, quando uma mulher deslumbrante aparece na minha frente.

Com seus vinte e poucos anos, ela andava com destreza, como numa passarela. Ela mexia na bolsa e seus cabelos loiros cobriam o rosto. Quando levantou a cabeça e me olhou, eu quase desmaiei. Não era possível que minha professora de Estudos Sociais estava ali, daquele jeito.

Eu fiquei assustado com a sua aparência, seu jeito de andar, com o lugar que ela frequentava e com o pedido que ela me fez.

— Vodka, por favor!


Meu Deus do céu! A minha professora com aquela roupa, naquele lugar, me pedindo vodka. Pelo menos ela não me reconheceu. Eu acho!

— Nós não temos vodka! — eu respondi.

Ela me olhou nos olhos. Um olhar que quase me fez cair de costas. Não parecia nem um pouco com aquela mulher da escola.

— Não tem vodka? Então, whisky — ela pediu.


Não era o melhor whisky do mundo, mas nós tínhamos um no fundo do armário. Fui buscar e voltei com um copo numa mão e a garrafa na outra.

Servi um pouco no copo redondo e ela bebeu a dose em uma só golada. Bateu o copo no balcão pedindo mais. Eu servi-a e vi ela virar o copo de uma vez. Ela abriu a bolsa e jogou no balcão duas notas de dez. Era mais do valia aquela duas dosinhas.

Na noite seguinte, ela apareceu com um vestido vermelho decotado e os cabelos louros soltos, exalando um perfume maravilhoso. Pediu o whisky e bebeu duas doses como antes.

Na outra manhã, eu tinha aula de Estudos Sociais. A mulher de coque e um vestido longo, fechado no pescoço não parecia a loura das outras noites. Ela não me olhou como eu esperava que olhasse. Era melhor que ela não descobrisse, mesmo. Seria horroroso ter que olhar para aquela mulher que guardava uma sedutora dentro de si.

Ansioso, fui para a lanchonete e esperei todo o tempo pela mulher do whisky. Ela apareceu num vestido preto, com um salto alto que batia no chão da lanchonete e o cheiro de seu cabelo era sentido de longe.

— O de sempre!

E essa rotina continuou por alguns dias. A loira, o perfume, o whisky e meu coração acelerado.

Foi numa noite de sexta-feira que ela apareceu linda como nunca e pediu o de sempre. Bebeu a dose de uma só vez e me olhou fundo nos olhos.

Eu quase desmaiei.

— Você foi ótimo no teste de ontem.

Que merda!

Me pediu mais um gole. Eu quase derramei whisky no balcão. Ela bebeu. Sorriu. Talvez tivesse percebido o meu constrangimento. Minhas bochechas fogueavam. Seus dentes brancos foram ficando cada vez mais perto do meu rosto e meu coração saltava para fora quando ela me deu um beijo quente no queixo deixando a marca do seu batom vermelho perto da minha boca.

Foi preciso um segundo para eu abrir os olhos e vê-la sair pela porta da lanchonete.

Não consegui me concentrar o resto da noite. Voltei para casa aos pulos, mas na manhã seguinte coisas estranhas passavam pela minha cabeça e eu resolvi que eu precisava aprender a separar as coisas. Tomei uma decisão.

Na noite seguinte, eu não sei se a loira do whisky apareceu.

Na época, eu achei que fosse a coisa certa a fazer: sair do emprego. Mas hoje em dia eu penso como teria sido viver o meu primeiro amor!


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