sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O Reencontro


Tínhamos nos amado.


É estranho como o destino muda nossos caminhos e, quando menos esperamos, estamos separados por um grande abismo. Foi isso que aconteceu. Éramos namorados, amantes... Depois, tornamo-nos apenas... conhecidos.

Só nos víamos de longe, separados por uma rua. Às vezes, arriscávamos um cumprimento mais amigável. Sim. Amigável. Éramos amigos.

E foi o mesmo destino que tinha nos separado nos uniu num lugar tão incomum de se encontrar o grande amor. Um lugar onde encontramos pessoas desconhecidas, carrancudas e caretas.

Ouvi meu nome. Tão simples, mas tão belo na voz amada. Amigavelmente nos cumprimentamos e conversamos. Mais do que nunca tínhamos assuntos em comum (eu nem sabia que eu tinha tantos assuntos).

Saímos daquele lugar abafado e fomos andando pela rua. Lembrei-me de uma vez que fizemos isso há cinco anos. Nossa! Muito tempo!

Já era final da tarde quando chegamos numa praça; nós ainda conversávamos felizes da vida. De onde estávamos dava pra ver o pôr-do-sol ao longe. O céu com o tom alaranjado, o vento frio, o clima estranho que só sentimos no final das tardes: aquele ar sonolento, mas gostoso.

Quando vi, estávamos pertos um do outro. Um abraço. Cada um se aquecendo nos braços do outro. Um sorriso. É estranho quando esses momentos acontecem; como se estivéssemos ligados por fios de eletricidade, como se pudéssemos nos comunicar. Parceiros, cúmplices...

O beijo, enfim.

Senti que ondas elétricas saiam de cada corpo e ia para o outro. Meus olhos ardiam de uma maneira agradável, meus lábios colados àqueles, nossos corpos unidos por um abraço ardente.

Naquele momento, matávamos os desejos resguardados durante tanto tempo.

O hálito, a textura, a temperatura, a eletricidade...

Ainda nos amávamos.