[eu não sei de onde tirei isso]
Sábado de manhã.
Todos com seus guarda-chuvas escuros tentando se proteger dos pingos miúdos que insistiam em cair do céu. A família acompanhava o cortejo fúnebre de um rapaz muito novo, na flor da idade. Os parentes choravam pela perda de um garoto tão bonito, tão saudável, morto por causa de irresponsabilidades no trânsito.
O caixão foi posto ao lado do mausoléu da família no cemitério da alta sociedade da região. E o padre, com sua batina preta, encomendava a alma do falecido.
Um clima de sofrimento, angústia... Uma dor que nunca acabaria.
Os sepultadores puseram-se a trabalhar. O caixão descia devagar. Algumas mulheres se viravam para os ombros do marido para que o choro não fosse notado.
— Esperem! — um grito foi ouvido.
Todos se viraram pra trás. Era o melhor amigo correndo no meio da chuva, espirrando a água das poças, molhando seu terno preto.
— Esperem! — ele disse mais baixo, tomando ar. — Eu quero me despedir.
Os coveiros olharam para a mãe do rapaz morto. Quando iam a velórios, as pessoas já esperavam por esse tipo de cena: um parente ou um amigo atrasado se debruçava choroso sobre o defunto. A mãe fez um sinal positivo e o caixão foi retirado.
O amigo se debruçou sobre o morto em silêncio. Apalpava o peito sem vida e não se conformava. Passou a mão pelas pernas e de novo no peito.
As pessoas não entendiam a cena a que assistiam.
O amigo enfiou a mão dentro do paletó do defunto e se movimentava rápido.
— Ai! Espera! — ele gemia.
Ele parou e sorriu satisfeito. Tirou a mão do bolso do paletó exibindo uma caneta de ouro.
— Eu dei isso pra ele semana passada! Não podia... né! — ele disse explicando para a plateia perplexa. Virou-se para os coveiros: — Podem continuar o que tinham parado.
2 comentários:
Sabe aquela cara de interrogação... então, tá aqui, rs [?]
Ahsuahsuahsu! Adoro ser surpreendida... Já estava pensando numa melodrama sobre acidentes de trânsito e bla bla bla. Humor negro não é meu preferido, mas vá la!
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