sexta-feira, 24 de junho de 2011

Sábado de manhã...

[eu não sei de onde tirei isso]
Sábado de manhã.

Todos com seus guarda-chuvas escuros tentando se proteger dos pingos miúdos que insistiam em cair do céu. A família acompanhava o cortejo fúnebre de um rapaz muito novo, na flor da idade. Os parentes choravam pela perda de um garoto tão bonito, tão saudável, morto por causa de irresponsabilidades no trânsito.

O caixão foi posto ao lado do mausoléu da família no cemitério da alta sociedade da região. E o padre, com sua batina preta, encomendava a alma do falecido.

Um clima de sofrimento, angústia... Uma dor que nunca acabaria.
Os sepultadores puseram-se a trabalhar. O caixão descia devagar. Algumas mulheres se viravam para os ombros do marido para que o choro não fosse notado.

— Esperem! — um grito foi ouvido.

Todos se viraram pra trás. Era o melhor amigo correndo no meio da chuva, espirrando a água das poças, molhando seu terno preto.

— Esperem! — ele disse mais baixo, tomando ar. — Eu quero me despedir.

Os coveiros olharam para a mãe do rapaz morto. Quando iam a velórios, as pessoas já esperavam por esse tipo de cena: um parente ou um amigo atrasado se debruçava choroso sobre o defunto. A mãe fez um sinal positivo e o caixão foi retirado.

O amigo se debruçou sobre o morto em silêncio. Apalpava o peito sem vida e não se conformava. Passou a mão pelas pernas e de novo no peito.

As pessoas não entendiam a cena a que assistiam.

O amigo enfiou a mão dentro do paletó do defunto e se movimentava rápido.

— Ai! Espera! — ele gemia.

Ele parou e sorriu satisfeito. Tirou a mão do bolso do paletó exibindo uma caneta de ouro.

— Eu dei isso pra ele semana passada! Não podia... né! — ele disse explicando para a plateia perplexa. Virou-se para os coveiros: — Podem continuar o que tinham parado.

2 comentários:

Ғelipe Eller disse...

Sabe aquela cara de interrogação... então, tá aqui, rs [?]

Clara disse...

Ahsuahsuahsu! Adoro ser surpreendida... Já estava pensando numa melodrama sobre acidentes de trânsito e bla bla bla. Humor negro não é meu preferido, mas vá la!