[baseado em fatos reais]
— Que maravilha! Estamos perdidos.
— Me diga onde está a maravilha disso.
Tudo tinha começado quando decidiram fazer uma coisa que não faziam desde criança: caçar aventuras. Muitos anos atrás, eram dois garotos de 8 anos que gostavam de andar no meio do mato, inventando histórias e tesouros: os caçadores de aventuras.
Hoje, dois adolescentes crescidos resolveram relembrar os antigos tempos de criança, equipados de garrafinhas d’água, uma máquina fotográfica e uma bússola.
— Eu me lembro de ter passado por aqui antes. Tinha esses bambus jogados no chão.
— Isso ajuda muito.
— Nossa! Aonde tá o seu senso de humor?
— Perdi em algum lugar dessa mata!
Quando estamos perdidos, os primeiros minutos são engraçados. Nos minutos seguintes, percebemos a seriedade da situação. Depois, ficamos estressados com a nossa burrice e brigamos um com o outro. No fim, ficamos apavorados e qualquer inimizade fica esquecida.
Para a nossa dupla, só faltava o último estágio.
— Olha! Ali tem uma placa.
Correram para a placa escrita: “PASSAGEM PROIBIDA. ANIMAIS SELVAGENS”. E um desenho.
— Do que ‘cê tá rindo?
— De como vai ser engraçado contar essa história lá na escola.
— Ria para a morte, querido!
— Que coisa horrível de se pensar! Você não está vendo? São só veadinhos!
— Animais selvagens! Devem ser onças, cobras e... coisas horrorosas.
— Credo!
Um barulho num arbusto.
— AAAAAAAAAHHHHHH!
Os dois nem perceberam que estavam abraçados.
— EU QUERO MINHA MÃE!
— Só não faça xixi no meu pé.
O barulho no arbusto continuava. Mais rápido. Mais forte. Uma capivara sai de trás do mato.
— Viu? Capivaras também são selvagens!
— Você também é um selvagem. — Pausa. — Peraí! A gente tem a bússola. — Tira a bússola do bolso. — Ela sempre aponta para o norte, né?
— Na verdade, eu não sei se essa aí aponta pro norte. Ela veio de brinde numa mochila que eu comprei.
— Não importa. A gente precisa encontrar o caminho de casa. Vamos pensar: o sol está se pondo naquele lado. O oeste, então. Pra lá é o leste. A gente saiu em que direção?
— Na direção do rio.
— Eu tô perguntando... Ah, não interessa. Deixa eu pensar! Eu acho que a gente saiu para o oeste. Então, se a gente seguir para o leste... a gente chega na chácara.
— Não sei se isso dá certo.
— Claro que dá.
Foram pelo leste. Ou pelo que eles achavam ser. Cinco minutos depois:
— Um milharal?
— A gente tem que passar no meio do milharal, senão a gente perde a direção.
— Não é isso. — Pausa para pensar. — Eu conheço esse milharal. E eu conheço aquele espantalho.
Uns passos para a esquerda e uma cerca... A chácara.
— E agora, do que ‘cê tá rindo?
— De como essa história vai ser ainda mais engraçada agora.
— Não. Você não vai contar essa história na escola mesmo.
Um comentário:
Nossa, que sufoco! Eu até que gosto da natureza, mas nada dessas coisas selvagens e perigosas... rsrs
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