Se alguém pudesse observar os olhares que eram trocados
pelos dois, acharia engraçado. Ou brega. Como as pessoas ficam bregas quando
estão apaixonadas!
Ela era mais tímida: só olhava de vem em quando, com os
olhos indecisos, medrosos, e nem sorria de tão nervosa. Ele já era mais ousado:
olhava direto pra ela, com aquele olhar interessado e sorria quando percebia
que ela também o observava.
Ele não sabia direito o que era estar apaixonado. Descobriu
o significado quando sonhou com ela e acordou com o coração sorridente. Gostava
da rotina de encontrá-la todos os dias no mesmo lugar e no mesmo horário. Mas
os encontros inesperados eram mais emocionantes: “Como tá meu cabelo? Eu tô
suado? Ai, meu Deus! Acho que fiz uma cara de susto!”
Seu coração acelerava quando ela passava do seu lado e
deixava aquele cheiro doce pelo ar.
Mesmo alimentando aquela paixão tão intensa, ele não sabia
como se aproximar. Na verdade, não tem muita relação entre isso. Talvez quanto
maior a paixão, maior o medo. Ele sentia uma vontade imensa de poder estar do
seu lado o dia todo: queria abraçá-la, beijá-la e dar todo o carinho que se
acumulara desde o dia em que a vira pela primeira vez.
Num dia, encontraram-se no ônibus. Ele sabia onde ela
desceria e viu que aquela era a melhor oportunidade de dar vazão ao seu
sentimento (Vazão? Quem usa essa palavra para dizer que uma pessoa decidiu se
declarar? Francamente!).
Ela desceu abraçada ao fichário e ele foi atrás. Hesitou.
Talvez não devesse... Não! Deixe de ser bobo e enfrente.
Raspou a garganta pra que ela o notasse. Ela se virou
receosa.
— Eh... — ele começou bem. — Tudo bem?
— Tudo — ela respondeu com aquela cara de “mais alguma
coisa?”.
— Eu tava pensando... — ele disse, levantando a mão para
tocar o braço dela.
Ela se afastou na mesma hora. Ele estranhou isso e tentou
encostar a mão mais uma vez.
— Não se aproxime! — ela (quase) gritou.
— Hã?
— Não chegue perto de mim, seu maluco tarado!
— Mas eu pensei que...
— Pensou errado! Você acha que esses seus músculos me
enganam? Não se aproxime, senão eu grito.
— Como assim? Eu não tô entendendo!
Ele tenta se aproximar mais uma vez. Ela tira um frasquinho
da bolsa.
— Sai de perto: é spray de pimenta! — ela ameaçou.
Momento de tensão.
Ele decidiu se dar por vencido. Ela respirou aliviada e
saiu.
Ele ficou ali, parado na calçada sem entender. Depois, dez
segundos depois, aquilo tudo não passou de mais um episódio da sua vida. Deu
uma risadinha, olhou pr’um lado:
— Ah, eu nem queria mesmo!
E voltou pra casa pensando naquela menina que tinha conhecido
na noite passada. Gata demais! Descobriu que estava apaixonado quando sonhou
com ela e acordou com o coração sorridente.
Um comentário:
HUSAHUSHUAUSH; omg. eu bem lendo achando qe era um romance lindo, peguei até lencinhos pra chorar no final e quando tava lá eis qe tudo desaba! ÕO sahushauhsua.
mas eu amei, seulindo!
ps.: ainda bem qe vc colocou o qe era vazão. senao eu ia ter qe procurar Õo SAUSUAS
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