quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Os caminhos perdidos da minha mente

"Por que que eu passo tempo sempre sempre a perguntar?"
Gospel, Raul Seixas

Já passou da meia-noite. Eu tô morrendo de sono e tenho aula amanhã de manhã, mas eu não vou conseguir dormir sem escrever isso.

Bem, até chegar à universidade é um longo caminho de ônibus e eu tenho muito tempo pra pensar. Citando um chavão que eu sempre uso: cabeça vazia é a oficina do diabo. Mas é bom refletir um pouco sobre a nossa vida. [Quando eu começo a escrever um texto assim, eu imagino um monte de gente fechando a página e pensando: “Quando ele vai parar de escrever sobre isso?”].

Como eu já disse em outras oportunidades, eu adoro ficar em silêncio e conversar comigo mesmo sobre o passado. Não é só o museu que vive de passado. Na verdade, eu não vivo do passado: como um bom historiador que eu pretendo ser, só olho para o passado pra tentar entender o presente.

E as minhas reflexões ficaram mais complexas e mais animadas depois que o professor exibiu o filme “Efeito Borboleta”. Para quem nunca o assistiu, o filme conta a história de um homem que tem oportunidade de voltar no tempo e mudar algumas coisas no passado para consertar os infortúnios do presente. E era exatamente sobre isso que eu estava pensando dentro do ônibus enquanto ia pra universidade: o poder das nossas escolhas.

Eu acredito na força do destino mais que tudo nessa vida. Eu consigo sentir a minha liberdade em fazer o que eu quero: faço burradas, sou precipitado ou perco oportunidades; mas também me divirto, chuto o pau da barraca e aproveito a minha vida do meu jeito. É aquele tal de livre-arbítrio. Mas nada me tira da cabeça que tudo está [outro clichê] escrito nas estrelas. Brega! Mas é sério. Cada dia que passa eu acredito ainda mais que as nossas escolhas são influenciadas por alguma força superior que nos leva pro caminho que devemos seguir.

Não vou nem levar em consideração o lugar onde nascemos, porque senão eu teria que discursar sobre muita coisa aqui, mas vamos levar em conta uma coisa que está [ou julgamos estar] sob nosso controle: a escolha dos nossos amigos. Eu não sei nem medir o quanto algumas pessoas são importantes pra mim. Elas me apóiam, me aconselham, me ouvem. Mas... é estranho! Como eu fui encontrar uma pessoa que se encaixa tão bem? E se o destino tivesse me levado pra outro lugar?

Quando eu fui para a 5ª série, eu queria muito ir para um colégio na minha cidade, mas não consegui vaga. Fui para outra escola onde conheci pessoas maravilhosas que são minhas amigas até hoje. São algumas dessas pessoas que me completam tão perfeitamente. Mas e se eu tivesse ido para o outro colégio? Quem seriam meus amigos? Se eu tivesse conseguido mudar a força do destino, mudando de escola, ele me colocaria diante dessas meninas no futuro? Será que desde que eu nasci eu estava destinado a ser amigo delas? Quem eu seria se não tivesse as conhecido?

E isso é só uns dos aspectos que eu me pus a pensar no começo do meu dia [tão digerível quanto ovo frito e bacon no café da manhã]. O personagem do filme voltava no tempo e mudava uma pequena coisa no rumo da história e quando ele voltava para o presente, muitas coisas tinham mudado: ele morava com outras pessoas, ele tinha outros amigos...

É o que eu tinha dito: os amigos se encaixam tão bem que é difícil imaginar que a gente já não estava predestinado a se conhecer. E se eu não tivesse feito as escolhas que eu fiz?

E se eu não tivesse feito o meu blog? E se eu não tivesse optado por História no vestibular? Quem eu seria se eu não tivesse meus dois irmãos? O que seria de diferente em mim se um menino não tivesse tirado a minha calça na frente da escola inteira aos 11 anos? Que tipo de pessoa eu seria se eu não tivesse escolhido estudar música desde os meus 10 anos de idade? Eu seria diferente se eu não tivesse me isolado do mundo aos 11 anos, quando eu me dediquei apenas aos estudos, aos livros e à televisão? E os meus medos? Será que eu os teria se não tivesse assistido “O Sexto Sentido” aos 9 anos ou se eu não tivesse visto uma aranha gigante dentro de casa? [Tenho uma memória insuportável para datas e lugares].

É impossível acreditar que a pessoa que eu sou hoje não tenha sido... escrita desde quando a minha vida começou. O destino dá essa falsa liberdade, deixa a gente errar e tudo mais, mas ele está por trás de tudo. Tem os poderes para conspirar tudo a favor dos seus planos.

E daqui 20 anos? Será que eu consigo driblar o destino pra que o meu futuro seja diferente do que já está previsto? Ai, eu já não sei de mais nada. E a minha morte? A morte é algo inevitável, todos sabemos disso, mas eu tento ver um lado positivo [e espero que esse lado positivo exista]: quero que, depois que eu morrer, Deus ou alguns dos seus assessores me explique muitas coisas que eu não consigo entender.

Um comentário:

Bianca Marçal disse...

que coisa maaais linda amei seu texto Lucaaas de verdade *-*