“O ódio tem melhor memória que o amor”. Honoré de Balzac
“O ódio é o prazer mais duradouro; os homens
amam com
pressa, mas odeiam com calma”. Lord Byron
Com a sombra do politicamente correto seguindo-nos por todos
os cantos, aprendemos desde cedo que sentimentos ruins devem ser reprimidos.
Mas eu nunca me dei bem com a repressão. Sempre fiquei encabulado quando me
diziam que era errado sentir isso ou aquilo. Sentir. Sentimentos fazem parte da nossa vivência humana; sentimos
amor, afeição, inveja, raiva, atração porque somos humanos. Ser humano é emanar
sentimentos contraditórios a todo momento. E se dizem que odiar alguém é errado,
eu digo que reprimir um sentimento é doentio!
O ódio é um
sentimento requintado. Não é uma ira desvairada, momento em que cometemos atos
passionais; também não chega a ser um rancor, como uma célula cancerígena que
se desenvolve dentro de nós. O ódio é delicioso. Talvez esteja mais perto da
vingança; e o prazer de saborear esses dois pratos juntos causa calafrios. O
ódio é prazeroso, satisfatório, sexual. O ódio é provocante; tem que ser
provocativo, senão será a comprovação de sua covardia, do seu medo contra o
alvo do ódio.
A graça é saber dosar o tempero. O ódio é sofisticado, exige
experiência, elegância, bom trato. Gritos e agressões são para a ralé, a
baixaria; isso é raiva sem controle. O alvo do ódio tem que ser tratado com
indiferença. Tem que haver desafio! É o momento de controlar seus músculos
faciais e esconder qualquer expressão corporal que te denuncie. O alvo do ódio
tem que ser tratado com desprezo. Saboreie essa palavra: des-pre-zo!
Percebo que as pessoas que eu amo tem sempre lugar nas minhas
memórias diárias; as pessoas que eu odeio também. Talvez o prazer de amar e o
de odiar venham da mesma fonte: são sentimentos puros e intransponíveis. Se não
o forem, tenha certeza que não é amor nem ódio: são sentimentos menores.
É gostoso odiar: é preciso revisitar o seu ódio (e o seu
amor) sempre que possível para moldá-lo, conhecê-lo, torná-lo tão real que seja
quase perceptível pelo tato. Tocá-lo!
Penso que talvez seja melhor alimentá-lo e tirar o maior proveito que o ódio pode lhe oferecer, do que enjaulá-lo furioso, debatendo-se nas grades e correr o perigo de escapar num momento de descontrole. Irracional.
E que as paixões criem asas!
É preciso deixar claro que, com esse texto, não quero defender
a violência e as agressões físicas, os crimes e as fobias. Tenho minhas motivações para escrevê-lo.
Sou
completamente contra a repressão de sentimentos, mas ao mesmo tempo não podemos
nos deixar ser controlados por nossas paixões; talvez eu esteja me
contradizendo, mas é preciso ser racional para lidar com tais sensações:
autocontrole, autoconhecimento. Eu disse que somos livres para, veja bem, sentir. A graça da vida é saber contrabalancear
a razão e a emoção.
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