“Nicolás era belo como uma donzela. Herdara a delicadeza e a
transparência da pele de sua mãe, era pequeno, magro, astuto e rápido como um
raposo. De inteligência brilhante, sem nenhum esforço superava o irmão em tudo
o que juntos empreendiam. Inventara uma brincadeira para atormentá-lo:
discordava dele em um assunto qualquer e argumentava com tanta habilidade e
certeza, que terminava por convencer Jaime de que estava equivocado, o
brigando-o admitir o erro.
— Tem certeza de que eu tenho razão? — indagava finalmente
Nicolás ao irmão.
— Sim, você está com a razão — grunhia Jaime, cuja retidão o
impedia de discutir de má fé.
— Ah, alegro-me! — exclamava Nicolás. — Agora vou
demonstrar-lhe que quem tem razão é você e que o equivocado sou eu. Vou-lhe dar
os argumentos que você teria apresentado se fosse inteligente.”
Trecho do livro A Casa dos Espíritos, da escritora chilena Isabel Allende. A rapidez, a astúcia e essa arrogância charmosa do Nicolás me fez rir.
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