quarta-feira, 1 de maio de 2013

Como um raposo



“Nicolás era belo como uma donzela. Herdara a delicadeza e a transparência da pele de sua mãe, era pequeno, magro, astuto e rápido como um raposo. De inteligência brilhante, sem nenhum esforço superava o irmão em tudo o que juntos empreendiam. Inventara uma brincadeira para atormentá-lo: discordava dele em um assunto qualquer e argumentava com tanta habilidade e certeza, que terminava por convencer Jaime de que estava equivocado, o brigando-o admitir o erro.

— Tem certeza de que eu tenho razão? — indagava finalmente Nicolás ao irmão.

— Sim, você está com a razão — grunhia Jaime, cuja retidão o impedia de discutir de má fé.

— Ah, alegro-me! — exclamava Nicolás. — Agora vou demonstrar-lhe que quem tem razão é você e que o equivocado sou eu. Vou-lhe dar os argumentos que você teria apresentado se fosse inteligente.”

Trecho do livro A Casa dos Espíritos, da escritora chilena Isabel Allende. A rapidez, a astúcia e essa arrogância charmosa do Nicolás me fez rir.

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