segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

As Janelas

[todas as histórias são verídicas]

Andando pela rua eu me lembrei de uma professora. Certa vez, ela disse que sempre que via uma janela aberta ela não aguentava a curiosidade: tinha que olhar o que tinha dentro.

E de janela em janela fui vendo muitas coisas pelas ruas.

Num dia de chuva, eu precisei me esconder debaixo de um toldo de uma janela alta. A janela estava fechada, mas a minha imaginação tem vida própria. Quando eu vi, eu já imaginava uma briga de casal e um dos cônjuges voando pela vidraça, caindo em cima de mim.

Não foi a mesma coisa que eu ouvi passando perto de outra janela alta. De início, eu pensei que fosse um cachorro, mas depois eu percebi que a voz era humana. O gemido era humano. Muito pano pra minha imaginação! Mas não era nenhum gemido proibido para menores de 18 anos. Eu acho que a pessoa estava morrendo de tanta dor.

Outra janela que me chama a atenção fica ali perto da avenida, de frente pra farmácia. Diferente das outras é uma janela baixa, perfeita para a curiosidade da minha antiga professora. Qualquer um que passa ao seu lado consegue ver perfeitamente o interior por causa do vidro quebrado. É um banheiro.

No início, eu pensei que fosse um banheiro largado, que não funcionava mais. Mas o negócio funciona. Todos os dias o banheiro está de um jeito diferente. E inconscientemente eu me viro para a vidraça quebrada e vejo o vaso sanitário e tudo mais. Ainda bem que eu nunca vi ninguém usando-o.

Por último, a janela de um carro. São várias coisas que as pessoas fazem dentro de um carro. Poderia citar 1001 coisas para se fazer dentro do seu automóvel. E mais 1002 para os namorados.

Estava andando ali na pracinha e vi uma caminhonete estacionada. Era velha e vermelha. Tinha uma mulher com o rosto colado no vidro. Eu pensei que talvez ela estivesse passando mal, sem ar. Por isso fiquei com os olhos fixos na janela.Virei-me rapidamente quando eu vi o rosto de um homem debaixo do braço dela. Ele estava mordendo-a e... eu não vi o resto. Nem pra colocar uma película no negócio.

Existem outras janelas que me chamam a atenção como a do quarto de uma senhora que faz costura, a do quarto de um menino que tem um computador muito barulhento ou a de um banheiro que eu consigo ver de longe o chuveiro e os shampoos colocados ali, mas eu não sou tão atrevido como minha professora.

Quem vê o que quer, ouve o que não quer!

Um comentário:

Clara disse...

Ah eu também sou muito curiosa, mas não costumo ficar espiando não. Ainda mais que tenho pavor que olhem pela minha! Mas é realmente muito interessante ficar observando as diferentes vidas de pessoas em seus lares. Sempre gostei de conhecer casas novas, acho fantastic!

:)