[todas as histórias são verídicas]
Andando pela rua, lembrei-me daquela piadinha que pergunta qual é o coletivo de pessoas: ônibus. Pois é! No ônibus é que nós temos relações com várias pessoas da cidade ao mesmo tempo. Relações íntimas, às vezes. E nós temos que fingir que tudo aquilo é normal, porque se a gente não levar na esportiva, nós vamos enfezar com um cara com o braço levantado ou quando um tá te encoxando ali na maior inocência.
Às vezes, o negócio tá tão cheio que você nem precisa se segurar naquelas barras: você solta as mãos e a mulher gorda na sua frente, um adolescente te encoxando por trás, um homem de camisa regata do seu lado e uma mulher de uniforme da empresa do outro te espremem e você nem consegue se mexer.
O ônibus também é ótimo pra ouvir conversa dos outros. Não me julguem mal, mas é inevitável. Há alguns anos, num ônibus escolar, eu ouvi uma menina comentando sobre um garoto que eu conhecia.
— Esse Juninho é gostoso demais. Mas o irmão dele que é safado. — E contou várias experiências com o irmão desse menino que prefiro não descrevê-las.
Esses dias atrás também vivi outra situação. Eu tava ouvindo a conversa de uma mulher que gritava no celular.
— Pois é! Voltei. Fiquei lá três anos e meio; quase quatro. A Jéssica disse que eu não voltava, mas a Amanda sempre acreditou que eu voltaria. — Isso ela tava gritando.
Quando chegou num ponto de ônibus, a mulher desceu. Aí, duas pessoas que estavam atrás de mim começaram a falar mal dos modos da menina.
— Mas fala demais, hein? — um homem começou.
— Nossa senhora! Celular é só pra uma necessidade; em caso de urgência.
— Imagina essa aí sem o celular.
— Ih...
— Excomunguenta do caralho!
E mais uma discussão infinita sobre a conta telefônica da moça. Coitada!
Ônibus escolares também são ótimos lugares pra dar umas risadas. Quando os alunos são adolescentes, eles falam mal dos professores.
— O menino foi de blusa de frio hoje e o maluco do professor começou a brigar com o menino dizendo que tem que usar o uniforme da escola, tem que ter orgulho da escola — Risos.
Quando os alunos são pré-adolescentes, lá pelos 11 anos, eles gostam de se desafiar com o ônibus em movimento. O jogo principal entre eles é o de ficar sem segurar nas barras.
— Vamo’ apostar quem fica mais tempo sem segurar nos ferro?
— Demorô!
E quando são crianças, aí que o negócio esquenta. Elas gritam “O fulano disse que gosta de você”; elas brincam de boneca; choram. O mais impressionante que eu já vi foram crianças que se dependuravam de cabeça pra baixo naquelas barras mais altas! Dias depois, eu vi essas crianças com os pais e eles pareciam tão dóceis.
O texto vai ficar grande, mas eu tenho ainda que falar dos ônibus de viagem. Existem inúmeras situações que a gente passa numa viagem. Por exemplo, quem nunca viajou de ônibus e teve seus joelhos apertados pela cadeira reclinável da sua frente? Quem nunca teve o lugar da “janelinha” roubado por alguém mais esperto? Quem nunca se sentou ao lado de uma pessoa que fica debruçado em cima de você e não deixa você nem escorar o braço no encosto?
São essas e outras coisas que a gente tem que passar.
No ônibus de viagem todo mundo fica sentado. Pelo menos nos que eu viajei.
Foi engraçado um dia que eu acompanhei um professor de química corrigindo as provas dos seus alunos. [Eu sou muito enxerido, mesmo!]. Tinha alunos que tiravam 10! Incrível! Mas tinha uns que o professor só ia riscando: risco, risco, risco, risco. Depois ele colocava um 1 lá em cima pelo aluno ter comparecido no dia da avaliação.
Então, é isso. Pra finalizar deixo um conselho e uma mensagem. Nunca ofereça o seu lugar para uma grávida se você não tiver certeza que ela esteja grávida. Ela pode não estar. E a mensagem é a seguinte: nem tudo na vida é passageiro; ainda tem o motorista e o cobrador.
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