sexta-feira, 15 de abril de 2011

Essas coisas sempre vão acontecer

Quando eu invoco com alguma coisa (invoco?!) é muito difícil tirar isso da minha cabeça. Da mesma forma que o blog ficou infestado de posts sobre as minhas (más) experiências com cães, hoje em dia ele tá cheio das minhas idas e vindas nos ônibus.

Faz mais de sete anos que eu dependo de ônibus quase todos os dias. Às vezes, eu vou andar de carro e percebo o quanto é bom ir sentado num lugar só seu e tendo a certeza de que aquele lugar será seu até você chegar ao seu destino.

Acontece que antes eu andava em ônibus escolares, com as mesmas pessoas TODOS os dias. Eu lembro que as pessoas tinham os seus lugares certos de sentar. Eu, por exemplo, sentava sempre no terceiro banco do lado esquerdo.

Agora, eu ando de ônibus com pessoas completamente diferente TODOS os dias. Há crianças muito pequenas, senhorinhas que sempre conseguem lugares de pessoas bem educadas, trabalhadores indo e voltando do serviço, estudantes e outros...? Outros.

E vivendo no meio de tanta gente diferente a gente vê, ouve, vive cada coisa. E eu resolvi escrever esse post para relatar dois acontecimentos da semana passada.

O primeiro é envolvendo uma senhorinha. Na verdade, senhorinha, o caramba! Eu nunca vi uma pessoa tão afobada como essa mulher.

O ônibus tava tão cheio que eu precisei ficar ali na escadinha e, quando o ônibus tava quase chegando ao ponto em que essa mulher precisava descer, ela já veio pro meu lado.

— Eu vou descer no próximo ponto — ela disse com o ônibus em movimento.

— Eu vou dar licença pra senhora. Só um minutinho.

E o ônibus andando...

— Tem como você dar licença? — ela perguntou. — Eu preciso passar.

— Tá certo! Eu vou dar licença. Peraí.

Só que não tinha como sair dali com o ônibus em movimento: tinha um monte de gente no ônibus, meu Deus!

— Mas não tem como eu passar com essa mochila desse tamanho na minha frente. — Ela se referia a minha mochila que atrapalhava a passagem.

Eu nem respondi. O ônibus ainda estava andando e a mulher insistente querendo descer.

— A SENHORA QUER PASSAR?! ENTÃO, PASSA. EU SAIO DA SUA FRENTE E A SENHORA PODE PULAR LÁ DE FORA. NA RUA.

Eu não disse isso é claro, mas era a minha vontade.

Quando o ônibus FINALMENTE parou naquele bendito ponto a mulher saiu empurrando a minha mochila num desespero. Eu fiquei com raiva na hora, mas dois segundos depois eu tava era rindo.

O segundo caso é extremamente o oposto. Eu nunca vi um garoto tão despreocupado.

Eu entrei no ônibus e aquela velocidade e tudo mais... Vi um lugar lá na última fileira de bancos ao lado de um rapaz. Ele tava com o uniforme do lugar onde trabalha. Eu não lembro direito, mas eu acho que era CALU. Sei lá, não interessa.

Sentei ali e fiquei de boa na lagoa, curtindo a viagem... De repente eu percebo que a cabeça do rapaz ao meu lado tava meio... largada. Ia balançando de acordo com as alavancadas do ônibus.

E naquele remelexo o rapaz encostou a cabeça no meu ombro. (#tenso) Foi só o início. Depois ele foi deitando e deitando e deitando... Ele não tava debruçado em cima de mim, mas a cabeça dele tava meio que... no meu ombro.

E aquele vuco-vuco. Eu olhei para outro rapaz. Ele tava sentado do outro lado do cansado trabalhador que dormia no meu ombro. Nossos olhares se cruzaram (#QueRomantico) e foi engraçado dar um riso cúmplice com uma pessoa que eu nunca tinha visto.

Eu tava vendo a hora que o ônibus ia chegar ao fim da linha e eu ia bater no ombro do dorminhoco que babava na minha camisa e dizer:

— Moço... tenho que descer agora.

Mas pelo menos ele não perdeu o rumo de casa. Ainda saiu conversando no celular.

— Tô na esquina de casa.

Mas é isso, mesmo.

Eu penso que essas coisas sempre vão acontecer: você vai levar um empurrão, um puxão, uma encoxada, alguém vai dormir no seu ombro, outro dia será você... Então, pra que ficar nervoso? É muito melhor levar numa boa e chegar em casa contando com um sorriso nos lábios:

— Você não sabe o que me aconteceu...

Nenhum comentário: