O galpão era cercado por enormes grades enferrujadas; o
capim era alto e a vegetação se enrolava no portão que um dia fora cinza. O
carro importado estacionou ali perto e o motorista esperou; o passageiro, no
banco de trás, já tinha perdido a paciência desde cedo:
— Imprestáveis... — ele sussurrou pra si mesmo.
Alguns minutos depois, dois homens de pele queimada de sol
saíram do galpão. Eles correram para abrir o portão e dar passagem para o sedã
preto.
O motorista parou o carro do lado de dentro da propriedade e
o passageiro desceu, pisando nos cascalhos com seus sapatos de couro legítimo.
Ele era alto e muito branco; seu cabelo loiro estava penteado para trás com
muito gel. Trajava um paletó risca de giz impecável e um par de óculos escuros
escondendo os olhos claros.
— Patrão, — disse um dos capangas — não era necessário a
presença...
— Calado! Eu não pedi a sua opinião. — O subalterno fechou a
boca. — O que eu pedi para vocês? Pedi que arrancassem informações desse
imbecil que vocês mantêm preso nesse lugar, mas vocês não conseguiram nada.
— Mas a gente...
— Nada!
O homem engoliu seco. O patrão continuou mordendo as
palavras:
— Queria que vocês mantivessem esse idiota preso por, no
máximo, dois dias; que fizessem de tudo para fazê-lo abrir a boca, mas, mais
uma vez, vocês falharam. Falharam! Será por que eu não me surpreendo com isso?
Eu já devia ter aprendido uma lição com vocês: quando eu quero um serviço bem
feito, eu mesmo devo fazer. — Os capangas só olhavam pro chão. — Agora, me
mostrem onde vocês o escondem.
Levaram o patrão para dentro do galpão: o lugar era cheio de
caixas de madeira de carregamento de armas vindas de outros lugares da América
do Sul. O lugar também servia para desmonte de carros roubados e cativeiro. O
sequestrado estava amarrado a um poste de madeira que se estendia por 7 metros
de altura: ele estava sem camisa, com os braços amarrados pra cima e sua calça jeans fedia urina. O patrão tirou os
óculos quando se pôs diante da vítima.
— Você? — o homem amarrado ainda teve forças para dizer. —
Eu devia ter desconfiado...
— Guarde as suas desconfianças para depois. — Então, ele se
virou para o motorista: — Como estão os preparativos?
— Já está quase pronto, patrão.
O homem de terno sentou-se numa cadeira bem em frente ao
homem amarrado. Ele sorria.
— Por quanto tempo você continuará com essa bobeira de ficar
calado? Você sabe que será pior para você.
— Esses idiotas...
— Concordo!
— ... já me interrogaram durante todos esses dias... E eu já
disse que eu não sei de nada!
O patrão se enfureceu: levantou da cadeira e segurou o
queixo do prisioneiro.
— Pare com esse joguinho. Nós dois sabemos muito bem que
você tem a informação que eu preciso. Onde o seu tio está escondido?
— Eu já disse que EU NÃO SEI!
O patrão sorriu largo. Foi até onde o motorista estava e
voltou com uma barra de ferro com a ponta esbraseada. Todos os poros do
prisioneiro minavam suor. Ele não sabia até onde a loucura daquele homem podia
ir.
— Você vai me dizer o que eu quero ou eu vou ter que...? — e
insinuou que encostaria o ferro quente no peito nu do prisioneiro.
— Eu não sei... — o prisioneiro chorava sem lágrimas.
— Diga onde está seu tio — e aproximou o fogo dos olhos do
desafortunado homem amarrado no poste.
O calor se aproximava cada vez mais mais mais...
— Eu não sei... eu não sei... — e desmaiou.
O patrão se virou para a plateia (de capangas):
— Eu acho que ele não sabia de nada mesmo.
— O que a gente faz agora?
— Jogue um balde de água na cara dele.
O prisioneiro acordou e sua primeira visão foi o rosto do mentor
de toda aquela história doentia.
— Desculpe, mas... — o patrão disse — você viu coisa demais,
menino. E... eu pedi pra te acordarem porque eu não mato quem está dormindo.
Enfiou-lhe uma Colt pela garganta e puxou o gatilho.
Um comentário:
eu adoraria se tivessem usado o ferro quente!!! kkkkkk adooro!
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