Queria ser jogador de futebol. Gostava de me imaginar um profissional enquanto jogava no campinho do bairro.
Queria treinar no clube da cidade; toda tarde, reunir com os garotos da minha idade e escutar as ordens do técnico naquele precário vestiário.
Um dia, alguém reconheceria meu talento e me convidaria para um clube de respeito no estado e eu seria o artilheiro do Campeonato Sub-17.
Ficaria famoso e logo seria capitão de um time da Série A do Brasileirão. Levantaria a taça já pensando na Libertadores no ano seguinte.
Um time europeu me contrataria por dezenas de milhões e eu ficaria famoso no mundo inteiro, principalmente depois de fazer o gol decisivo da Final da Copa do Mundo, com Brasil e França.
Depois de ter ficado rico, tido três filhos com duas das mais famosas top models do mundo e construído uma mansão em Florença, voltaria para o Brasil.
Talvez eu ainda terminasse minha carreira no clube que eu comecei, ou, quem sabe, me aposentaria com 35 anos.
Uma palavra-chave: QUERIA.
Talvez eu fosse mesmo esse cara aí em cima se minha namorada não tivesse engravidado, meu sogro não tivesse me obrigado a casar com ela quando eu tinha 17 anos, meu pai não me fizesse trabalhar na lavoura e, quinze anos depois do casamento, eu não pesasse 102 quilos. E não é de músculos.
Eu queria…
Nenhum comentário:
Postar um comentário