DORACI: (cutucando David e cochichando) David! David! Acorda!
DAVID: Hum!?
DORACI: Acorda David! Eu acho que eu ouvi um barulho lá fora!
DAVID: Cala a boca, Doraci!
DORACI: Oh, David! (fala mais alto) Você levanta dessa cama agora ou senão… senão… Eu vou contar pra todo mundo que você tem sarna.
DAVID: O quê?!
DORACI: Eu vou contar pra todo mundo que você tem sarna.
DAVID: Mas eu não tenho.
DORACI: Eu sei. Mas eu falo que você tem pereba na virilha e aí você não poder provar que é mentira.
(David e Doraci já estavam de pé, cochichando agora)
DAVID: Como é que foi o som que você ouviu mesmo?
DORACI: Shrek! Shrek!
DAVID: Shrek?
DORACI: É. Shrek! Shrek! Tipo água. Eu acho que alguém estava andando pelo jardim.
DAVID: Andando pelo jardim?! Doraci, você só pode estar brincando. Quem andaria pelo jardim nesse frio, às três da madrugada.
DORACI: David, por acaso você acha que os ladrões trabalham à luz do sol.
DAVID: (com medo) Ladrão?! Ladrão, Doraci? Eu não vou lá, mesmo.
DORACI: Você acha que eu ia te chamar para espantar um gato, David? É claro que, se fosse seguro, eu não ia precisar de você.
DAVID: Como assim? Quer dizer que quando a parada é perigosa, você chama o trouxa do David. Tá parecendo que minha vida não tem nenhuma importância para você. E se o ladrão estiver armado, Doraci?
DORACI: David, você é um homem ou um saco de pipoca?
DAVID: Doraci, é como meu tio dizia: depois que inventou o três-oitão não existe mais homem bravo nesse mundo. Eu posso ser corajoso o tanto que for, que se esse cara me der um tiro no meio da testa… Eu morro.
DORACI: Calma, David! Relaxa. Só toma cuidado pra não fazer xixi nas calças. (Vira para trás) Segura isso aqui. Talvez te dê mais segurança.
DAVID: Doraci, um rodo não vai funcionar contra uma arma de fogo.
DORACI: Meu Deus do céu, David. Para de ser pessimista. Acredite no melhor que pode acontecer.
(Shrek, Shrek)
DAVID: Jesus, Maria e José. Que barulho é esse, Doraci? (Silêncio) Doraci! Doraci!
DORACI: Me dê esse rodo, seu pamonha, antes que você quebre a minha cabeça. (Pausa e, depois, cochicho) É esse o barulho que eu ouvi.
DAVID: É ladrão.
(Zap, tchuá!)
DAVID: O que é isso, Doraci?
DORACI: Não precisa chorar, David!
(Cuco, cuco)
DAVID: O que é isso, Doraci?
DORACI: O cuco, sua besta.
DAVID: O que tem lá de fora, Doraci?
DORACI: Oh, Meu Deus. (Atravessa a sala) Eu vou te devolver pra sua mãe. Eu achei que eu tinha me casado com um homem, não com um saco de b*sta.
DAVID: Credo! Não precisa esculachar também, né!
(Doraci abre a porta da sala. David vai atrás dela. Doraci segura o rodo e David, um terço imaginário. Não conseguem enxergar nenhuma luz. O barulho de novo. SHREK, SHREK.)
DORACI: Viu? Era só o barulho dos pés no barro.
DAVID: Ufa! Deve que era um…
VOZ: Hum…
DAVID E DORACI: AAAAAAAHHHHHH!
VOZ: Doraci…
DAVID: O ladrão sabe seu nome, Doraci? O que é isso? Você tem um caso com um ladrão?
VOZ: Doraci… Sou eu…
DORACI: Eu, quem?
VOZ: Sua tia.
(Doraci entra em casa. David vai atrás, correndo da mulher caída no barro. Doraci volta com uma lanterna. David atrás. A lanterna ilumina o rosto da Tia Vera.)
DORACI: Tia Vera?
VERA: Oi, meu amor…
DAVID: Eu sabia que sua tia Vera não batia muito bem das ideias!
DORACI: O que a senhora tá fazendo aqui?
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