Ela tinha os olhos acinzentados. Era isso. Não sei como descrever olhos acinzentados. Só sei que era assim. Tinha uma pele de um branco ósseo e tinha uma tristeza indisfarçável no seu olhar cabisbaixo.
E ele era moreno com os ombros largos e traços fortes. Alguns fios de seu cabelo caiam-lhe na frente dos olhos e tinha braços fortes. Sua pele, seu ar, seu olhar e sua ousadia... Era um brasileiro em todos os seus centímetros.
Encontraram-se pela primeira vez num hotel em Londres. Aquela chuva fina caindo lá fora. Posso ouvi-la sem jamais ter estado lá.
Não foi propriamente um encontro. Seus corpos toparam numa batida. Ela não percebeu: estava com o olhar perdido. Ele, percebeu os olhos acinzentados e os cabelos castanhos. A pele como se fosse de mármore.
Nem se cumprimentaram.
Ele foi para seu quarto de hotel pensando naquela bela criatura. Sonhou que ela estava em seus braços. Sentiu sua pele fria e seu toque frágil.
Foi numa confeitaria, uma semana depois, que os dois se reencontraram. Ele a viu tomando seu chá com o olhar vago de sempre. Aproximou-se dela. Não tinha inglês suficiente para um diálogo.
Ela ficou um pouco tímida com aquele homem na sua frente. Depois gostou do desconcerto dele. Ele lutava com todo o vocabulário que tinha. Ela achou divertido.
Ele se apaixonou por seu sorriso tímido. E viu que seus olhos ainda eram tristes.
Foi uma conversa de muitos minutos. Maravilhosos minutos. Gostosos.
Ela se despediu e ele a seguiu. Na rua, ela virou-se para entrar num daqueles ônibus vermelhos de dois andares e ele a segurou.
— Be Happy! — ele disse.
— I will be!
—So... kiss me!
Ele a agarrou pela cintura. Ela não queria, mas não fez nada para impedir. Sentiu os braços fortes dele a sua volta e depois o hálito fresco e, depois, os lábios quentes.
Ela sentia como se ele sugasse sua alma pelos lábios e ele lhe entregava sua vida pelo mesmo trajeto. Uma troca apaixonada.
Era o gosto mais doce e suave que sentira. Os dois pensavam a mesma coisa.
— I will remember you forever! — ela disse.
— I will too.
Despediram-se. Ele voltou para seu quarto de hotel e não viu aquela linda beleza novamente. Voltou apaixonado para o Brasil.
Ela?
Foi feliz e sonhou todos os dias com os beijo quente do americano.
Um comentário:
Ahhh! Vc adora dessas surpresinhas no final, neh? Quem diria que a branquela fosse a brasileira! Lindo conto!
:*
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