Cara,
Eu amo duas mulheres! Belas e encantadoras com seus cabelos, seus braços e abraços. A primeira tem os cabelos pretos encaracolados que caem pelos ombros num desarranjo harmonioso. A segunda, não menos fascinante, tem lisos cabelos loiros que definem o formato do seu delicado rosto de menina.
É estranho como eu me sinto atraído por duas criaturas tão diferentes. Com a primeira, eu sinto um calor dentro de mim; ela passa a mão no meu peito e as minhas pernas tremem e eu tento controlar os meus impulsos. Sinto a respiração mais difícil e a minha boca seca. Eu não consigo raciocinar. A segunda me encanta com sua doçura; ela me abraça e percorre as mãos delicadas pelas minhas costas e eu sinto arrepios pela minha espinha.
Quando eu penso na morena de cabelos encaracolados, vejo-a de vestido e batom vermelhos, com lápis ao redor dos olhos realçando seus olhos verdes; imagino-a sobre um salto alto, com o olhar sempre pra frente, como se intimidando os outros. Ela vem com os lábios entreabertos, mostrando os dentes brancos, e um sorriso discreto, irônico. Ela desfila com todos os holofotes em sua direção; e com todos os homens à sua disposição.
Já a dos cabelos loiros está com seu vestido rosa e esvoaçante. Seus olhos são azuis como o céu, ou como o mar. Não sei! Ela faz parte da natureza. Imagino-a andando descalça, com os pés em contato com a grama verde; vejo-a cantando com os passarinhos e dançando no ritmo do vento. Sinto que ela mal toca o chão; deve ser uma deusa. Ela está sempre com o sorriso branco nos lábios macios e seus movimentos são leves; sua pele é suave como a brisa.
Com uma eu dançaria um tango: algo forte. Nossas pernas se entrelaçariam, sincronizadas; seria algo natural para nós, mas visto de longe, pensariam ser ensaiado. Ela sentiria a força da minha mão no seu quadril e eu sentiria seu cheiro de mulher. Até a nossa respiração estaria combinada. E no fim, ela pegaria uma rosa dos meus lábios e terminaríamos com um beijo ardente.
Com a outra preferiria uma música romântica daquelas pra dançar abraçadinho. Eu colocaria minhas mãos nas suas costas, sentindo a sua respiração suave; e ela cruzaria suas mãos no meu pescoço e ia ficar com sua cabecinha escorada no meu peito. A música faria parte dos nossos corpos e nos movimentaríamos naturalmente pelo salão. As pessoas ficariam deslumbradas com tamanho encantamento.
Uma, a sensualidade; a outra, a singeleza.
Eu não sei o que fazer, cara! Escolher, nesse caso, será abrir mão. Não posso viver sem o fogo ou sem a brisa; não posso viver sem o rock ou sem a bossa nova. Elas me completam. Faltam duas partes no meu coração. E elas as preenchem satisfatoriamente.
Eu quero tê-las, mas não posso. Não sei o que fazer.
Me ajuda,
Outro cara; um apaixonado.