sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Ho! Ho! Ho!


Ele usa gorro vermelho, mas não é o Saci. Ele anda de noite, mas não é vampiro. Ele é branco, mas não é o Bozo. Ele voa, mas não é o Super-Homem. Ele tem barba branca, mas não é o seu avô. Ele é… o Papai Noel.

Um dos muitos medos infantis é esse velho barbudo que entrega presentes no Natal. Muita gente tinha medo de palhaço, do Bozo, do Fofão, do Coelhinho da Páscoa, da Fada dos Dentes, ou da Xuxa, mas é porque muitas não gostavam de revelar o seu medo mais terrível: o medo de Papai Noel.

É questionável o comportamento desse velhinho que é guiado num trenó por renas na noite de Natal.

Eu me questiono como é que os pais alimentam essa ideia de que Papai Noel existe. Será que elas não percebem que as crianças podem ficar traumatizadas pensando que na noite de Natal tem um barbudo entrando na sua casa, comendo os seus biscoitos achocolatados com leite morno, e mexendo nas suas coisas, e te deixando um presente que ninguém sabe a procedência?

Nos dias de hoje não pode facilitar. As crianças vão pensar que os pais fazem parte da gang do gorro vermelho, pois não fazem nada para impedir a invasão da casa e ainda incentivam os filhos a colocar biscoitos e leite para o gordo.

Mas claro que nós todos sabemos que Papai Noel não existe! Ops! Desculpem-me quem ainda acredita no velhinho, mas é porque a verdade é dura, mas precisa ser encarada de frente. É melhor te magoar com uma verdade, do que te enganar com uma mentira.

Outro trauma que esse símbolo do Natal pode trazer é a quantidade deles pelas ruas. Em todo supermercado, toda loja de shopping, todo metro quadrado que você percorrer no centro da cidade tem um Papai Noel. A criança pode pensar que está delirando, tendo alucinações.

Ganha uma bala (que não se sabe a procedência) de um Papai Noel, mas, mais a frente, tem outro distribuindo mais balas, e depois outro, sentado num trono de ouro segurando crianças no colo para tirarem fotos.

A criança volta para a casa com uma sensação de paranoia. As pessoas podem pensar que é exagero da minha parte, mas as crianças estão evoluídas. Antigamente, ninguém tinha tempo nem de ficar gripado, pois o pai colocava para capinar horta, mas hoje as crianças tem crise de personalidade e tudo mais que seja moderno.

Essa loucura se acentua se a criança tiver medo de Papai Noel.

Se ela não tiver medo talvez ela consiga resistir, tentando imaginar que essa múltipla visão de vários velhinhos é algo que só os adultos sabem, como, por exemplo, o que se faz num motel ou o que é antropofagia.

Porém, se a criança tiver medo de Papai Noel não adianta forçá-la a sentar no colo do velhinho, que, acreditem, ela não vai sentar. É melhor nem insistir. Senão a criança vai chorar, espernear e pode até te xingar se ela for mal educada. E se aquela vizinha chata e conservadora estiver por perto, vai espalhar pela rua que você não tem autoridade com o filho e deixa ele fazer tudo que quer.

O Papai Noel pode ser lindo visto de um cartaz, um enfeite de Natal, ou pelo comercial da Coca-Cola, mas, às vezes, não visto pelo lado de uma criança moderna.

É melhor dar o presente para o seu filho e ele ver que tem uma mãe e um pai presentes. E, também, para ele não dizer que precisa ter um Papai de fora para lhe dar presentes.

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